A história de Marabá compreende,
tradicionalmente, o período desde a chegada dos comerciantes de drogas
do sertão, e chefes políticos deslocados do norte da província de Goyaz, até os dias atuais. Embora o seu
território seja habitado continuamente desde tempos pré-históricos por
índios nômades, a região permaneceu praticamente intocada até o início da década de 1890, com raros
contatos com europeus e bandeirantes, que desde o
século XVI exploravam a região.
A primeira tentativa oficial de
colonização ocorreu em 1808, quando em um decreto Dom João VI aprova a
criação da Capitania de São João das Duas Barras e
nomeia Theotônio
Segurado para ouvidor da mesma. A capitania existiu entre
1808 e 1814, e compreendia os territórios dos estados brasileiros do Tocantins,
na época capitania de Goyaz, e a porção sul da capitania do Grão-Pará.2 Durante o período em
que sustentou o status de capitania, teve duas sedes, sendo uma delas a
freguesia de Barra do Tacay-Una, atual Marabá.
Colonização e povoamento
Os primeiros a participarem da
formação do povoado de Marabá foram chefes políticos deslocados de guerrilhas que tinham como palco o Norte de Goyaz, mais
precisamente a cidade de Boa Vista do Tocantins (atual Tocantinópolis). O
coronel Carlos
Leitão, acompanhado de seus familiares e auxiliares de trabalho,
deslocou-se em dezembro de 1894 para o sudeste do Grão-Pará, estabelecendo seu
primeiro acampamento em localidade situada em terras próximas a confluência do
rio Itacaiunas. Fixaram-se definitivamente, na margem esquerda do Tocantins,
cerca de 10 km rio abaixo do outro acampamento, em local a que foi
denominado de Burgo do Itacayuna, em 5 de agosto de 1895.
Do ponto em que foi instalado o
acampamento, os colonos começaram a abrir caminho na floresta a procura de
campos naturais que servissem para criação de bovinos. Em uma dessas incursões,
encontrou-se uma árvore que escorria leite vegetal de seu caule, da qual
suspeitou ser caucho - árvore da
qual se extrai o látex, e se produz a borracha. Em 1895, Carlos
Leitão seguiu para a capital da província para ter reunião com o então
presidente do Grão-Pará, José
Paes de Carvalho, a quem solicitou colaboração, visto a necessidade
de se colonizar a região. Paes de Carvalho contemplou o coronel Leitão com seis
contos de reis em dinheiro e estoque de medicamentos que seriam empregados no
combate à doenças
tropicais. Conseguido seu intento de ajuda e por terem os
testes do leite vegetal endurecido comprovado que se tratara delátex (borracha) de
caucho, Leitão, de volta ao Burgo do Itacayuna, difundiu a informação a todos
da pequena colônia. Nos meses que se seguiram, chegaram os primeiros grupos de
trabalhadores para extração do caucho.
O comerciante maranhense Francisco
Coelho teria sido um dos primeiros a estabelecer-se no local,
entre os rios Tocantins e Itacaiunas, em 7 de junho de 1898. O objetivo era
negociar com os extratores de caucho, que passando pela foz do rio Itacaiunas,
navegavam pelo rio Tocantins. Os
registros atribuem a Francisco Coelho o nome da localidade que viria a ser a
sede do município de Marabá. Ele teria instalado no local uma casa comercial –
Casa Marabá - cujo nome era uma homenagem ao poeta Gonçalves Dias. O nome do
ponto comercial paulatinamente passou a designar a pequena vila que se formou
na confluência do rio Itacaiunas.
Formação do município
Embarque de castanha-do-pará
em pequenas embarcações.
Desse entreposto comercial, onde o "Itacaiunas
desaguando no Tocantins, apertando uma faixa de terra em forma de península
“nota, surgiu a cidade de Marabá. Criado em 27 de fevereiro de 1913, através da
lei estadual nº 1278, o município foi instalado formalmente em cinco de abril
do mesmo ano, data que passou a ser comemorada como seu aniversário. O primeiro
intendente municipal, cargo à época correspondente ao de prefeito, foi o
coronel Antônio
Maia escolhido e nomeado na data de instalação. Marabá, mesmo
sediando o município, permaneceu com a categoria de vila por quase dez anos, recebendo o
título de cidade em 27 de
outubro de 1923, através da lei estadual nº 220729. Em 1914, Marabá passou a
sediar a comarca, ato instituído através do decreto nº3.057 de 7 de fevereiro
de 1914. A instalação da comarca se deu em 27 de março de 1914, procedida pelo
juiz de direito Monteiro Lopes.
As frentes migratórias para a região
de Marabá, a partir de meados da década de 1920,
destinavam-se especialmente, a extração e a comercialização de castanha-do-pará
e, desde os fins da década de 1930, no garimpo
de diamantes no leito do rio Tocantins.31 A cidade recebia
imigrantes vindos de várias regiões do Brasil, principalmente do nordeste (com
destaque ao Piauí e Maranhão) de Goiás e Minas Gerais, e imigrantes
árabes (com destaque aos libaneses, palestinos e sírios),
constituindo uma camada importante na sociedade local. Em 1929, a cidade já se
encontra iluminada por uma usina à lenha e em 17 de novembro de 1935 o primeiro
avião pousa no aeroporto recém-inaugurado na cidade. Nesse período, a cidade
era composta por 450 casas e 1500 habitantes fixos.
Década de 1970
Com a abertura da PA-70 (atualmente um
trecho da BR-222), em 1969, Marabá é
ligada à Rodovia Belém-Brasília. A
implantação de infraestrutura rodoviária fez parte da estratégia do governo
federal de integrar a região ao resto do país.33 Além disso, o plano
de colonização agrícola oficial, a instalação de canteiros de obras,
especialmente a construção da Hidroelétrica de Tucuruí, a implantação do projeto ferro
Carajás (todos estes depois inseridos no Programa
Grande Carajás)34 e a descoberta da
mina de ouro da Serra Pelada,
aceleraram e dinamizaram as migrações para Marabá nas décadas de 1970 e 1980.
Em 1970, o município foi
declarado Área de Segurança Nacional (Decreto-lei nº 1.131,
de 30 de
outubro de 1970),
condição que perdurou até o fim da ditadura militar em 1985. Aliado ao
fato de a região ser estratégica para a política de integração, ela foi o
ambiente da Guerrilha
do Araguaia, resultando numa presença ostensiva das tropas do Exército
Brasileiro, tornando a cidade uma das bases de operações das tropas
federais. Também em 1970 foi criado o PIN (Programa de Integração
Nacional) que, dentre outras medidas, previa a construção da rodovia
Transamazônica, cujo primeiro trecho foi inaugurado em
1971, juntamente com a criação de um posto do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária) em Marabá.
Década de 1980
Praça Duque de Caxias.
Em
1980 a cidade é assolada pela maior enchente da sua história, o Rio Tocantins
sobe 17,42 metros. Em consequência disto há uma reformulação no planejamento,
sobre crescimento e expansão urbana da cidade. Em 1984, entra em
funcionamento a Estrada
de Ferro Carajás, e em 1988 dá início aos preparativos para a
instalação de indústrias siderúrgicas, para produção de ferro-gusa, negócio que
veio trazer grandes benefícios econômicos para o município.
Em 1985 Marabá deixa de ser área de Segurança Nacional e
na eleição para prefeito - a primeira eleição direta realizada sob a égide
da Nova
República - Hamilton Bezerra (PMDB) derrota Vavá Mutran (PDS), cessando uma longa hegemonia na política local, da
chamada "oligarquia da castanha". Tal fato aconteceu devido o apoio
de boa parte das lideranças camponesas, do então governador Jader Barbalho e de
movimentos sociais.
Em
1987 ocorreu um conflito que ficou conhecido como o Massacre
de São Bonifácio ou Guerra da Ponte. A peleja ocorreu entre os
garimpeiros de Serra
Pelada e a Pará com o auxílio do Exército
Brasileiro. A manifestação que gerou o massacre, bloqueou o acesso
à Ponte
Mista de Marabá e pedia a reabertura de Serra Pelada com o
rebaixamento da cava do garimpo. O governo informou inicialmente que duas
pessoas morreram, depois acresceu esse número para nove, contudo há registros
que constam que houve setenta e nove (79) garimpeiros desaparecidos em
decorrência do conflito, no entanto, por parte das tropas da Polícia e do
Exército não houve registros de baixas. Tal episódio tem características muito
semelhantes aos do Massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, contudo este
ocorreu nove anos antes, na ponte sobre o Rio Tocantins.
Da década de 1990 à
crise econômica
A
década de 1990 é marcada pelo acirramento dos conflitos no meio rural. Neste
período há uma explosão demográfica muito grande nesta região, causada
principalmente pela grande demanda de mão-de-obra, não acompanhadas de
políticas estatais de contenção demográfica e qualificação
do trabalhador. A mão-de-obra não-qualificada acabava sendo
deslocada para a zona rural, que aliada as questões de irregularidades
fundiárias existentes desde a década de 1970, acabavam por aumentar as rural.
Tais tensões no campo culminaram em assassinatos de sindicalistas, camponeses,
líderes religiosos e políticos.
Em
2011 Marabá participou ativamente com todo o sudeste do Pará, da consulta
plebiscitária que definiu sobre a divisão do estado do Pará. O município é
filiado e sedia os dois principais organismos de luta pela causa na região, a
"Comissão Brandão" e a "AMAT Carajás". Embora a
expressiva votação favorável no plebiscito em Marabá, tendo alcançado entre a
população local mais de 90% de aprovação pela criação do estado do Carajás, o
peso da região de Belém se fez maior, e se sobrepôs ao anseio local. Entretanto,
mesmo com a derrota na votação, o município continua, juntamente com a região,
a pleitear a separação para criação do estado do Carajás.
Desde
o estouro da Grande
Recessão no Brasil em 2008, Marabá sofreu um processo de
desindustrialização. O parque industrial da cidade que chegou a ter 11 grandes
siderúrgicas funcionando com capacidade plena em janeiro de 2008, chegou a
julho de 2009 com somente uma das empresas operando regularmente. Os principais
mercados consumidores da gusa e
do aço do município,
os Estados
Unidos, o Japão e
a China, reduziram sua
demanda e forçaram as empresas a dar férias coletivas aos funcionários.
Entre
2011 e meados de 2013 Marabá sofreu efeitos de "refluxo" da crise
econômica iniciada em 2008, causados principalmente por dois fatores: primeiro
foi a formação de uma bolha de preços no mercado imobiliário local, que estavam
superaquecidos artificialmente desde 2010; e o segundo efeito foi uma
grande crise fiscal que se desenrolou desde o início de 2012, em função dos
desacertos de política econômica a nível municipal, que levaram ao inchaço da
máquina pública mesmo em períodos de sérias dificuldades econômicas no
município.
Centenário
- presente
O
ano de 2013 foi especial para o município, pois culminou em seu centenário de
emancipação política. Na semana do centenário, entre 1 e 7 de abril, muitas
programações culturais e artísticas foram realizadas no município. Várias
celebrações foram feitas, dentre elas a reconstituição da viagem de balsa
capitaneada por Carlos
Leitão de Carolina até
Marabá. A expedição, com balsa construída inteiramente talos e palhas de Buriti , no intuito de replicar a
característica da embarcação original construída pelo Coronel Leitão, foi
promovida pela equipe de técnicos e pesquisadores da Casa da Cultura, que por impossibilidade de navegação em
virtude da existência da Hidroelétrica do Estreito, não saiu de Carolina, mas
da cidade vizinha, Estreito.
Todo percurso iniciou-se em 16 de abril e foi finalizado no dia 27 de abril,
com grande festa em Marabá.
A história de Maraba como de outras cidades e municípios do Estado do Pará estão marcadas por conflitos e mortes devido as questões posse da terra, minérios e problemas, conflitos entre governos, policiais, exercito com suas políticas econômicas, repressões policiais que prejudicam e praticam violências e mortes de trabalhadores rurais, garimpeiros e outros trabalhadores.
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